Antonio Sousa-Uva
No dia 4 de outubro, em alguns países, celebra-se mais um dia dedicado ao médico do trabalho. 4 de outubro, independentemente do que quer que seja que se associe à data, poderá ser mais uma oportunidade para, pelo menos, reforçar que não faz qualquer sentido que se perca a vida a ganhá-la e que, para que isso aconteça, deve-se contar, entre outros profissionais, com os médicos do trabalho.
Quando se aborda a influência negativa que o trabalho pode ter na saúde, quase sempre, os acidentes de trabalho, principalmente os mortais, são evocados copiosamente. No entanto, muitas outras situações podem acontecer de patologia ligada, de alguma forma, à actividade de trabalho e às condições em que é desempenhada. As doenças profissionais, e outras em que o trabalho não é tão determinante, são disso um outro bom exemplo, ainda que muito esquecido.
Ainda se devia referir que o trabalho é uma prática que nos ocupa muito tempo da nossa vida e deveria ser, por isso, uma boa oportunidade para promover a nossa saúde.
Em qualquer das situações os médicos do trabalho são insubstituíveis para contribuir para uma mais sã harmonia entre o trabalho e a saúde. Apesar disso, no mundo inteiro, a organização de cuidados de Medicina do Trabalho e de Saúde Ocupacional a prestar a trabalhadores nem sempre é feita e essas insuficiências são bem mais marcadas em situações de trabalho menos diferenciadas e em trabalhadores com mais baixos salários.
Será isso aceitável?
Fará algum sentido ter de se escolher entre trabalho ou saúde?
Fará algum sentido desvalorizar a vigilância de saúde de trabalhadores com mais baixos salários?
Porque será tão pouco valorizado o trabalho dos médicos do trabalho?
Porque será que a Medicina do Trabalho é confundida com Medicina no Trabalho, como poderia ser no consultório, no hospital ou no corredor?
Estará isso relacionado com a circunstância do trabalho, principalmente o mais "barato", não ser suficientemente valorizado?
4 de outubro de 2023