Antonio Sousa-Uva
Neste dia 6 de maio de 2024 mais um acidente de trabalho mortal, desta vez na Murtosa e numa árvore. Para quem associa os acidentes de trabalho mortais só à Construção Civil mais um triste exemplo que tal nem sempre acontece apenas nesse sector de actividade económica.
Julgo que o infortúnio (ou falta de sorte) ou mesmo mais esta "disgrazia" se situa mais na leviandade de não respeitar as mais elementares normas de segurança e não apenas no trágico de mais uma morte evitável. E a esse propósito:
Quantas mais mortes serão necessárias para que qualquer trabalho em altura seja executado no respeito pelas normas de segurança que reduzam esse risco tendencialmente a zero?
Para quando a obrigatoriedade de uma formação específica obrigatória prévia a esses trabalhadores?
Fazemos tudo o que deve ser feito em matéria de prevenção dos acidentes de trabalho, designadamente no trabalho em altura?
As normas e regras da Saúde e Segurança do Trabalho são respeitadas nesse domínio? e suficientemente auditadas?
Será suficiente, a diversos níveis, o controlo da aplicação das normas e regras?
Existirá uma robusta cultura de saúde e segurança do trabalho nas nossas empresas e outras organizações onde esses trabalhos se realizam?
A comunicação de risco e a formação dos trabalhadores nesse domínio serão realizadas de forma sistemática e com grande empenho dos empregadores?
Poderiam colocar-se muitas outras questões em relação à ocorrência destes dramáticos acontecimentos, mas o propósito de mais esta reflexão e lembrança das questões colocadas é somente mais uma tentativa de promover mais “massa crítica” nesse domínio. É que, pelo menos para mim, acho que podíamos fazer bem mais do que fazemos e, mais ainda, o nosso empenho deveria ser bem mais "agressivo".
Lisboa, 6 de maio de 2024
Nota: Modificado a partir de uma publicação anterior na plataforma Healthnews.