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sábado, 11 de maio de 2024

Ainda os acidentes de trabalho mortais ...

 


Antonio Sousa-Uva


Neste dia 6 de maio de 2024 mais um acidente de trabalho mortal, desta vez na Murtosa e numa árvore. Para quem associa os acidentes de trabalho mortais só à Construção Civil mais um triste exemplo que tal nem sempre acontece apenas nesse sector de actividade económica.

Julgo que o infortúnio (ou falta de sorte) ou mesmo mais esta "disgrazia" se situa mais na leviandade de não respeitar as mais elementares normas de segurança e não apenas no trágico de mais uma morte evitável. E a esse propósito:


Quantas mais mortes serão necessárias para que qualquer trabalho em altura seja executado no respeito pelas normas de segurança que reduzam esse risco tendencialmente a zero?

Para quando a obrigatoriedade de uma formação específica obrigatória prévia a esses trabalhadores?

Fazemos tudo o que deve ser feito em matéria de prevenção dos acidentes de trabalho, designadamente no trabalho em altura?

As normas e regras da Saúde e Segurança do Trabalho são respeitadas nesse domínio? e suficientemente auditadas?

Será suficiente, a diversos níveis, o controlo da aplicação das normas e regras?

Existirá uma robusta cultura de saúde e segurança do trabalho nas nossas empresas e outras organizações onde esses trabalhos se realizam?

A comunicação de risco e a formação dos trabalhadores nesse domínio serão realizadas de forma sistemática e com grande empenho dos empregadores? 

Será aceitável "suportar" as mortes totalmente evitáveis decorrentes do "desenrasca", essa sim, cultura mais frequente?

 

Poderiam colocar-se muitas outras questões em relação à ocorrência destes dramáticos acontecimentos, mas o propósito de mais esta reflexão e lembrança das questões colocadas é somente mais uma tentativa de promover mais “massa crítica” nesse domínio. É que, pelo menos para mim, acho que podíamos fazer bem mais do que fazemos e, mais ainda, o nosso empenho deveria ser bem mais "agressivo".

Lisboa, 6 de maio de 2024


Nota: Modificado a partir de uma publicação anterior na plataforma Healthnews.


quarta-feira, 1 de maio de 2024

Ainda a Asma Profissional!

 


Antonio Sousa-Uva


Mais uma primeira 3ª feira do mês de maio e mais uma celebração do dia mundial da asma (por iniciativa da GINA - Global Initiative for Asthma) da Organização Mundial da Saúde. Também mais uma referência à asma profissional


A asma profissional coloca questões de ordem prática, não apenas aos imunoalergologistas, pneumologistas e médicos de família, principais responsáveis em matéria de diagnóstico e de terapêutica, mas também aos médicos do trabalho, menos referidos, que exercem a sua actividade em contexto laboral. 


A indústria têxtil, a prestação de cuidados de saúde, a indústria alimentar, a indústria da madeira e de mobiliário, a indústria química e farmacêutica, a indústria dos plásticos e detergentes e a agricultura e pecuária são sectores de actividade que devem ser tidos em conta numa asma de um adulto. 


O diagnóstico de asma profissional, que não difere do diagnóstico clínico dos outros casos de asma, faz-se essencialmente através da confirmação do seu quadro clínico e do estabelecimento de uma relação causal entre a asma diagnosticada e o ambiente de trabalho. Exigindo-se, consequentemente, para além da história clínica sugestiva de asma, a demonstração da relação com a exposição profissional. Adicionalmente, deverá sempre pensar-se na possibilidade da sua etiologia em diagnósticos de asma iniciados (ou agravados) na idade adulta.


A história clínica e a história profissional são, por isso, os elementos-chave de diagnóstico.